Outra verdade incontestável é de que todas as batalhas se travam cá, aqui neste palco redondo de onde não conseguimos sair por muito tempo. E a grande batalha que se trava todos os dias, para além das que a irracionalidade dos homens teima em manter com base numa suposta religião anómala e esquiva, é de inventar a cura certa para vencer de uma vez essa mesma batalha, a tal que nos dizima sem piedade e que nos faz tremer sempre que está por perto. O nome não interessa muito, pois só a pronúncia nos faz tremer. É uma doença. Mata. Temos medo. Ponto final.

A velocidade com que se espalhou a notícia de que o ébola era mortal e podia chegar à Europa, vindo de África, onde já tinham morrido umas centenas de pessoas, fez despoletar as consciências nacionais e acelerar os esquemas de segurança de saúde e, concomitantemente, as indústrias farmacêuticas de todo o mundo, na busca da vacina certa para acabar com a terrível doença. Os EUA tremeram quando receberam a confirmação de um caso de contaminação e pior ficaram quando ele foi fatal. A Espanha tremeu com o caso da enfermeira contaminada que, felizmente, conseguiu superar e acaba de sair da quarentena a que foi obrigada. Portugal temeu que as ligações com a Guiné trouxessem para cá alguém contaminado e apressou-se a informar que estávamos preparados para qualquer eventualidade, mas só passadas duas semanas é que fez prova dessa segurança, ainda que ficticiamente.

Paralelamente a esta insegurança que nos faz tremer e que já matou cerca de quatro mil pessoas em vários países, essencialmente africanos, outra verdade que parece ser quase esquecida pelos que tanto se amedrontaram com o ébola, é a que continua a matar centenas de pessoas todos os dias, indiscriminadamente, desde crianças indefesas a adultos com tanta culpa como a das crianças que são baleadas e cuja culpa é a de simplesmente existirem. Ela é a pretensão dos jihadistas que querem formar um estado conquistando território a outros estados, matando tudo e todos, aterrorizando povos inteiros, destruindo cidades, matando famílias, separando povos milenares em nome de uma pretensão que de semelhante só temos como exemplo mais recente o de Hitler ou se recuarmos um pouco, o que Napoleão tentou fazer. No entanto, o resultado dessas pretensões, foram todas as mesmas: a derrota pura e simples. Por que razão é que ninguém se movimenta seriamente no sentido de destruir essas ambições e salvar os milhares de pessoas que ainda restam naquela região? Está a matar muito mais e mais depressa do que o ébola!

Esta realidade, quer queiramos quer não, faz-nos sentir impotentes e culpados. Ali, o chão treme demasiado frequentemente e mata todos os dias. Treme por culpa dos homens e não da Terra que pisamos. As bombas assassinas fazem tremer a terra e os corações dos que tentam sobreviver no meio de uma guerra que não pediram e da qual não têm culpa. Curiosamente, ou talvez não, não vejo a mesma pressa em resolver esta batalha, como vimos nas outras. Porquê?

Pois, talvez a energia que este chão telúrico liberta, não chegue afinal da mesma forma a todos os que deveria chegar!

Professor Luís Ferreira

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